
Nos 11 hectares situados pouco acima do Mosteiro dos Jerónimos, o Belenenses quer erguer um health club, uma clínica, uma residência para idosos e ainda um pólo universitário.
A substituição do velho estádio por um novo equipamento, mais pequeno e moderno, não está prevista para esta primeira fase do projecto, assegura o presidente do clube, António Soares, que se recusa a falar em projecto imobiliário.
"O que está em estudo é a requalificação do complexo desportivo através da construção de novos equipamentos", diz. "Não haverá nem habitação nem escritórios", afirmou em conversa com o PÚBLICO.
Há muito que o Belenenses tenta ultrapassar a complicada situação financeira em que se encontra, rentabilizando os terrenos do Restelo.
Um projecto de 1999 previa a construção de condomínios habitacionais, comércio e serviços, além de um novo estádio.
O facto de o clube se encontrar numa zona nobre e patrimonialmente protegida de Lisboa tem inviabilizado todos estes planos, sucessivamente chumbados pela autarquia.
António Soares admite que é a sobrevivência do clube, cujas dívidas atingem cerca de 20 milhões de euros, que está em causa. Depois de ter deixado de conseguir pagar os juros de um empréstimo de cinco milhões contraído em 2008 junto do Banif, o Belenenses viu, em Maio passado, o banco penhorar-lhe o estádio e respectivo terreno.
"Como já chegámos a um acordo de pagamento com o Banif, quando agora terminaram as férias judiciais pedimos ao juiz para levantar a penhora", adianta o dirigente desportivo.
Como já sucedeu no passado com outros projectos, o Belenenses anda à procura de investidores para levar por diante o health club, a clínica, a residência para idosos e ainda o pólo universitário. António Soares não quer avançar nomes, mas o PÚBLICO sabe que um dos potenciais interessados é o empresário da construção civil Vítor Santos, "Bibi", conhecido pelas suas ligações ao Benfica.
Sócio do clube, o arquitecto Vasco Massapina tem estado envolvido nestas negociações, não tanto pelas suas aptidões profissionais mas "para tentar angariar investidores", diz António Soares. O projecto propriamente dito está a cargo de um atelier de arquitectura cujo nome o dirigente não quer, por enquanto, desvendar.
Certo é que a ligação de Massapina ao clube pode revelar-se vantajosa, como admite António Soares: o arquitecto integra o conselho consultivo do Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico, organismo que terá uma palavra decisiva sobre o projecto, dada a proximidade dos Jerónimos, monumento classificado como património mundial.
"Vamos trabalhar com a Câmara de Lisboa para encontrarmos uma solução que possa ajudar o Belenenses", refere o dirigente. "Nos terrenos do clube o plano director municipal apenas permite equipamentos desportivos. Se algum dia a câmara mostrar abertura nesse sentido gostaríamos de demolir este estádio, que é de 1955, para construir um novo. Mas até agora isso não aconteceu", acrescentou.
As dificuldades financeiras obrigaram, há um ano, ao encerramento das piscinas do clube, que não voltaram a reabrir. Uma delas é olímpica.
"Como durante anos não se fez a manutenção deste equipamento, a sua degradação era tal que o número de utilizadores não gerava receitas suficientes", explicou António Soares.
"Tínhamos um prejuízo mensal de 25 mil euros". O projecto que vai ser apresentado na câmara prevê que no local onde as piscinas se encontram venha a ser construído um dos novos equipamentos destinados a equilibrar as contas do clube, devendo os tanques ser transferidos para outra zona do recinto.
Na temporada de 2009/2010, o Belenenses desceu à II Liga, onde se mantém ainda. Uma pouco honrosa posição para um clube que já conheceu dias de glória e é um dos raros emblemas portugueses a ter-se sagrado campeão nacional, feito que, além dele, apenas Benfica, FC Porto, Sporting e Boavista conseguiram.
Fonte: Blogue amigo, Crónicas Azuis, do grande Miguel Amaral!
16:49
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