Fica a conhecer melhor "nosso" Paulo Simão, jogador da equipa de Veteranos e uma das referencias do basquetebol Nacional.
Para os jogadores mais novos consideras-te uma referência no Basquetebol ?
Para a geração de jogadores que está agora a chegar aos juniores/seniores e que me viu jogar penso que sou uma referência (em particular para aqueles que são bons lançadores). Para os que estão a começar a modalidade infelizmente o nosso basquetebol não promove nem jogadores nem ex jogadores e dessa forma é complicado conhecerem o meu percurso.
Que conselho darias a um jovem jogador para este poder ter sucesso a jogar fora do seu país ?
Penso que neste momento é muito difícil para um português que afirmar-se numa liga estrangeira de qualidade. Esse trabalho de promoção do nosso jogador tem que ser feita por uma estrutura que actualmente não existe. Os agentes portugueses e estrangeiros que trabalhavam com os nossos atletas deixaram de ter interesse devido à falta de investimento das equipas. Penso que para um jovem que tem a ambição de jogar no estrangeiro um percurso que passe por uma universidade americana pode ser um bom caminho para atingir esse fim.
O que é necessário mudar no Basquetebol em Portugal ?
Penso que uma mudança de mentalidade é fundamental. As instituições desportivas são muitas vezes dirigidas a pensar nos benefícios pessoais, criando entraves desnecessários ao desenvolvimento. Há uma geração de pessoas com capacidade e vontade para fazer coisas novas, que conhece o que se faz noutros países, que não tem vícios nem deve favores e essa geração tem que ser atraída pelos clubes, associações e federação.
Quantos anos de prática de basquetebol ?
20 anos.
Qual a primeira equipa onde jogaste ?
Comecei a jogar como sénior no Sporting C. P.
Que recordações guardas dessa equipa ?
Recordo que foi um ano muito intenso para mim. Era o meu primeiro ano como sénior e o meu primeiro ano na universidade. Acordava todos os dias às 6 da manhã para ir às aulas e tinha que trabalhar muito para começar a ganhar algum espaço e respeito numa equipa com muita gente muito respeitada e com qualidade. No meu percurso devo muito a alguns treinadores e nessa equipa tive a sorte de ter dois que tinham a coragem e o prazer de lançar e acreditar em jogadores novos (Nelson Serra e Álvaro Amiel). Também recordo com muita saudade o meu director desportivo (Edgar Vital) que me acompanhou sempre de perto.
Qual a tua época de ouro e ao serviço de que clube ?
Acho que as épocas da Portugal Telecom foram muito marcantes. Eu estava no topo da carreira, a estrutura do clube era super profissional, a liga estava no seu melhor, havia muito dinheiro investido nesta competição e com isso tínhamos em Portugal muitos jogadores com qualidade. Tivemos muitos sucessos colectivos e trabalhávamos muito e bem. A nossa liderança era forte e competente (Luís Magalhães) e quando assim é só pode correr como desejamos.
O momento mais emotivo na tua carreira ?
O meu primeiro título no Estrelas da Avenida. Uma época perfeita com um grupo de jogadores e treinadores (Mário Palma e Mário Gomes) que se juntaram pela primeira vez nesse ano, que não eram favoritos e que ganharam a taça e o campeonato.
E o mais triste ?
Ter perdido um amigo.
Qual o teu clube preferido ?
No Basquetebol não tenho clube preferido.
Treinador preferido ?
Tenho vários (todos eles com coisas boas e más).
Qual o jogador que mais te surpreendeu pela positiva ?
Jean Jacques.
E pela negativa ?
Não sei.
Na tua opinião quais os jogadores com talento para jogar na selecção ?
Todos aqueles o desejem mais que tudo e se não forem escolhidos que continuem a tentar.
O que pode ser feito para melhorar a formação dos jogadores ?
Captar melhores treinadores. Há 15 anos atrás tínhamos nomes de referência a treinar equipas de formação. Neste momento temos jovens dos escalões júnior e sénior a dar treinos ao mini, aos infantis e iniciados. Tudo está relacionado com o dinheiro disponível mas ser dirigente é andar na rua a tentar captar apoios e não estar sentado à espera que o telefone toque.
Se pudesses recuar 20 anos o que mudarias na tua vida ?
Aceitava um convite para jogar no estrangeiro. Era muito novo nessa altura e ainda ninguém tinha saído do país. Tive medo e fiquei.
Partilha connosco uma história da tua vida que guardas para sempre na memória ?
Já passou algum tempo mas acho que foi assim:
Quando a selecção foi à fase final do Europeu pela primeira vez as estrelas da NBA andavam por todo o lado. E por onde eles andavam havia sempre muita confusão. Os meus companheiros Carlos Andrade e o João Santos andavam a passear pelo pavilhão e cruzam-se com o Tony Parker que estava a tirar fotos com alguns fãs. O Carlão dirigiu-se a ele ao Tony e disse-lhe:
“ Tony! Would you mind? – mostrando-lhe a máquina fotográfica que tinha na mão.
Quando o Tony Parker pensava que o Carlão queria tirar uma foto com ele. Ele passou a máquina ao Tony e colocou-se ao lado do João a pousar para a fotografia.
Foi a “risada” geral.
Uma situação caricata que se tenha passado em campo e que não esqueces ?
Um dos melhores jogos da minha carreira na nossa liga foi pela PT contra a Ovarense. No dia anterior ao jogo tinha feito um entorse no tornozelo. Disse que estava bem para jogar pois era um jogo muito importante para nós. Pedi ao fisioterapeuta para me reforçar a ligadura e joguei 30 minutos. Quando no final retirei a ligadura toda a gente ficou surpreendida com o derrame e o inchaço. O pé não cabia no sapato. E tive que vir descalço. Mas ganhámos e foi um jogo memorável para mim. Não me esqueço desse dia porque apesar de ter sido um jogo especial ainda tenho dores nesse tornozelo.
O jogo que nunca vais esquecer ?
Jogámos contra a Rússia num pavilhão com 7000 pessoas a assistir onde eles comemoravam o aniversário da última vitória Russa nos Jogos Olímpicos (contra os EUA). Houve uma cerimónia e nós éramos supostamente o adversário perfeito para eles fazerem a festa. Enganaram-se. Ganharam o jogo nos últimos minutos e apanharam um valente susto. Joguei como nunca tinha feito antes.
Fonte:
08:26
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