sábado, 19 de maio de 2012

Entrevista com Luís Bandeira, técnico dos Iniciados A - Parte 2

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Falamos com o Prof. Luís Bandeira, técnico dos nossos Iniciados A. Um dos responsáveis pela formação de futuros craques do Belenenses.

Leia a entrevista, realizada pelo consócio Jorge Braz, que se encontra dividida em quatro partes para uma leitura mais perceptível.

Que apoio fornece o clube aos escalões de formação?
Até ao ano passado, os equipamentos de treino eram tratados aqui nas instalações do clube. Hoje os jogadores recebem dois kits de treino e tratam da lavagem deles em casa. Fora isso temos bolas (que são cedidas pela SAD) e restante material de treino em quantidade suficiente, creio que não falta mais nada.

E as botas dos jogadores?
São eles que as compram. E já agora, e relativamente a isso, tenho de dizer que a maior parte deles compra botas para relvados naturais e nós na nossa série apenas jogamos em relvados naturais contra o Benfica e o Sporting. De resto são todos relvados sintéticos e o pelado do Alverca. Temos de rever esta situação, porque na minha opinião não são as mais adequadas para o piso que temos, e não sei até que ponto, sejam a causa de algumas lesões a que infelizmente já assisti.

Pelado?!
Sim ainda existe um…

O Belenenses tem também um campo sintético… Há grandes diferenças?
É onde nós treinamos e jogamos, Hoje em dia cada vez menos, os relvados sintéticos tendem a aproximarem-se dos naturais.

E como está o nosso?
Está bom. Creio que precisaria de um pouco mais de borracha e precisava de ser regado um pouco mais. Sim… os campos sintéticos também precisam de água.

E massagistas? Médicos?
Existem dois massagistas e um médico para o departamento juvenil.

Não têm surgido lesões graves?
Felizmente na minha equipa não.

Portanto, para além de mais campos de treinos, têm tudo o que precisam?
Sim. Bem, se calhar, seria bom existir uma gestão integrada de equipamentos para optimizar os recursos que temos. Cada equipa trata dos seus e temos de andar com tudo às costas. Talvez um dia seja possível criar instalações de apoio ao campo Nº 3, onde se guarde todo o material necessário para os treinos. Outra coisa seria importante seria a possibilidade de treinarmos com mais isolamento. Não quero afastar os pais dos miúdos até porque eles fazem um grande esforço para os ter cá, mas por vezes as bocas na brincadeira e as chamadas da bancada enquanto treinamos, distraem. Mas mais uma vez, há que ver o lado positivo e se aprenderem a manter a concentração, mais facilmente se habituam nos jogos e mais tarde nos seniores a toda a pressão de jornalista e público.

Olhando para clubes como o Ajax ou Barça vemos que há um grande número de jogadores das canteras na equipa principal. O Belenenses hoje tem vários jogadores que vêm das suas escolas. Porque é que esta mentalidade não existe em Portugal?
Não existe esta mentalidade em Portugal porque o tempo médio de permanência de um treinador nos seniores é mais curto que nesses países. Nós não podemos sequer definir um estilo de jogo de modo a que os nossos jogadores quando cheguem aos seniores estejam já habituados a esse estilo de jogo, pois cada treinador dos seniores que chega tem uma nova mentalidade. Em Portugal rentabiliza-se pouco a formação em comparação aos clubes que referiu, onde o trabalho de base (formação) visa essencialmente a colocação de jogadores na sua equipa principal, criando uma forte mentalidade de clube.

Quer dizer que cada equipa dos escalões jovens do Belenenses joga à sua maneira? À maneira de cada treinador? Não me parece uma metodologia eficiente…
Mais uma vez temos que nos adaptar à realidade que temos… e nem tudo é negativo, existindo uma preocupação dos técnicos em aproximar metodologias. Assim os nossos jovens até ficam melhor preparados, passando por outras experiências de forma a ter uma visão mais alargada do jogo, o que permite assimilar novas ideias dos técnicos dos seniores caso cheguem lá.

Como podemos então aumentar a rentabilidade da formação?
Creio que existem três hipóteses: existirem sempre 3 ou 4 jogadores no plantel sénior e observar a sua evolução; emprestar alguns jogadores para rodar, mantendo a sua observação ou ter uma equipa B.

Os técnicos dos escalões jovens continuam a seguir os jovens que saem do plantel no escalão sénior?
Continuamos a ter algum contacto com eles, mas a responsabilidade passa para a equipa técnica dos Séniores.

Mas a nossa formação tem condições para fornecer jogadores à equipa A?
Claro que tem. E basta ver os jogadores que compõem o plantel principal do clube. Adolfo Leite, Zázá, André Pires, Fábio Sturgeon, Viegas. Já para não falar nos que foram recentemente vendidos ou emprestados, como o Pelé, Fredy, Tiago Almeida, Luís Gonçalves ou Camará. Mas é uma questão de mentalidade e terá de ser uma política do clube para resultar. Até porque nunca sabemos se um jovem quando chega aos seniores consegue vingar.

Há matéria-prima ainda para ter grandes escolas de formação? Os miúdos hoje em dia não estão a fugir para outras actividades?
É verdade, o Futebol está lentamente a deixar de ser a primeira escolha Por outro lado, acho que existem demasiados clubes na região de Lisboa e a dispersão é muita, diminuindo a qualidade do treino. Repare, você e eu somos do tempo de jogar futebol na rua. Hoje já não há isso… Daí que tenham que ser as escolas de formação a dar-lhes essas vivências, por vezes demasiado formatadas e não tão livres como no nosso tempo, o que nos permitia ser mais criativos.
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